Gildred Mascarenhas
ILHAS SUSPENSAS ou
RUMOS AFRODIASPÓRICOS para uma CAPITAL
Por Taís Aragão
Caminhos encruzilhados, suspensos ao movimento perene de texturas, blocos de cor, formas pontiagudas e circulares. São esses lugares pictóricos, xilográficos e cerâmicos, marcados pelo trânsito do corpo em movimento. Ambientes arquitetônicos, sociais e culturais que Gildred experimenta gestos e contatos na matéria com as mãos.
São, sobretudo, históricos sensíveis e amplos de uma trajetória incitada pelas mudanças de percepções. Êxodos de pretitudes, diásporas contemporâneas, que recontam, a partir de uma dinâmica subjetiva, os repertórios do estar e ser das mulheridades negras e brasileiras, dos quais constituíram territórios, imersos em anacrônicas ancestralidades.
Há afrontamentos monumentais, provocados pelos fragmentos de arabescos, onde se geram profundidades, envolto a uma atmosfera saturada de paisagens e reminiscências.
O tempo e as temperaturas oscilam porque se imbricam com a passagem geométrica e ovulada. Estabelece-se linhas e nuances de luz-fractais. Um mosaico de Ilhas e lacunas vazadas que se retraem e dilatam.
As camadas oras desenvolvem especialidades despovoadas, oras se apresentam em transparências. Relações alicerçadas às estruturas de invisibilidades que possuem tom, peles distanciadas para a margem das construções.
Essa exposição é uma oportunidade de aproximar temáticas no percurso da artista, ativando suas memórias sensoriais e identitárias, enquanto rumos afrodiaspóricos de suas vivências.